Nessa semana observamos uma onda de nevascas em pelo menos 87 cidades no Sul do país (na terça), segundo reportagem do jornal Tribuna Hoje. Esse é um fenômeno até frequente no Rio Grande do Sul e Santa Catarina durante o inverno, mas o que tem chamado atenção nesse ano é a quantidade de neve e de cidades afetadas.
Muitas pessoas, principalmente turistas, têm achado maravilhoso o fato de estar nevando no Brasil. Mas, do meu ponto de vista, essa é uma consequência muito preocupante das alterações ambientais que têm ocorrido no planeta. Para se ter uma ideia da gravidade desta questão, há 13 anos não nevava durante tanto tempo no Brasil (7 dias já) e há 38 anos a cidade de Curitiba não amanhecia coberta de branco (clique na imagem para ampliá-la):
Você deve estar se perguntado “mas qual o problema de nevar no nosso país?”. O problema é que o Brasil, devido à sua localização, não é propício à ocorrência de neve após determinadas latitudes. Tanto que, tradicionalmente, só nevava nas cidades extremamente ao sul do país. Mas desta vez a neve chegou no Paraná e até no Mato Grosso do Sul (!!!) (leia aqui), ou seja, as condições climáticas para a formação de neve estão ocorrendo em latitudes mais baixas, indicando uma mudança séria no clima brasileiro. E quais as consequências?
Primeiramente, não sei se essas mudanças são temporárias ou se tendem a firmar nos próximos invernos. Isso é importante saber porque as plantações brasileiras, principalmente de hortaliças, não são resistentes à temperaturas abaixo de zero, o que provoca uma perda enorme de alimentos. E cansamos de ver que quando as plantações são afetadas, o preço nos sacolões aumenta estratosfericamente (lembra do preço do tomate há alguns meses? E do preço do feijão?) e temos que abrir mão de comer certos legumes e verduras (clique na imagem para ampliá-la):
Mas as baixas temperaturas também afetam a produção de leite e carne, uma vez que o gado morre devido ao frio. Além disso, não podemos deixar de pensar nas pessoas que moram nas ruas ou em locais sem islomento térmico suficiente. Essa onda de frio no Brasil já provocou a morte de dois homens no Rio Grande do Sul (veja aqui).
O que mais me chamou atenção nas nevascas no país foi que na revista Scientific American deste mês foi publicada uma matéria tratando exatamente das consequências das mudanças ambientais, só que nos Estados Unidos. E as previsões são as piores possíveis: daqui para frente, os desastres naturais como furacões seguidos de inundações (lembra-se do Katrina, do Sandy, e do Isaac?) ocorrerão uma vez por década até o limite de uma ou mais vezes por ano, a partir de 2020. E repare que essa previsão está “otimista”, porque o Katrina aconteceu em 2005 e o Sandy e Isaac em 2012, ou seja, em bem menos de uma década!
Segundo essa matéria, os ciclones tropicais que têm devastado Nova Orleans são fruto do derretimento das geleiras árticas, que aumenta o nível dos oceanos e modifica as correntes de ar. O resultado é a ocorrência de graves tempestades no sul dos EUA e América Central, inundando cidades inteiras e desabrigando e matando milhares de pessoas (clique na imagem para ampliá-la):
Mas o que isso tem a ver com a neve no Brasil? A congruência desses dois problemas está no fato de que ambos são resultantes das mudanças climáticas agravadas pelo aumento do efeito estufa. De acordo com a localização do país, as mudanças podem vir na forma de ondas de frio (Brasil), calor (Europa) ou tempestades (EUA e América Central).
Sinceramente, não é nem um pouco legal estar nevando desse jeito no Brasil. Isso só mostra o tanto que as mudanças climáticas estão ocorrendo rápido na Terra. Não sou especialista, mas pelo o que tenho lido pode ser que daqui a cinquenta anos ou antes a neve chegue a São Paulo e quiçá ao sul de Minas. O único beneficiado por isso é o turismo (veja aqui), mas gostaria de terminar este post com os seguintes apontamentos sobre a consequência das nevascas e frio intenso no Brasil:
– Interdição e aumento de acidentes nas estradas;
– Enormes prejuízos à agricultura e pecuária, levando ao aumento dos preços dos alimentos básicos;
– Isolamento de pessoas (leia aqui);
– Morte, como última e pior consequência.
Para saber mais:
Entenda como a neve se forma clicando aqui.
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