Ontem eu comentei com alguns alunos sobre espécies de peixes que conseguem ficar bastante tempo fora d’água. Há várias, mas gostaria de destacar o mudskipper ou saltador-do-lodo, uma espécie que é muito visada, infelizmente, como animal de estimação pela sua capacidade de permanecer longos períodos em terra.
Os mudskippers não são nativos do Brasil. Podem ser encontrados nos manguezais ao sul do continente africano (incluindo na ilha de Madagascar), na Nova Guiné, Malásia, Austrália e em algumas praias do Japão, dentre outros países.
Para mim, a maior curiosidade dos mudskippers, no entanto, não é o fato de andarem em terra, e sim sua reprodução:
Os machos constroem os ninhos na lama (ou areia úmida) em forma de “U” (veja figura abaixo) e dão grandes saltos no solo com suas nadadeiras dorsais abertas, para atrair as fêmeas. Então as fêmeas escolhem seus parceiros, depositam seus óvulos nos ninhos e vão embora. Os machos depositam os espermatozoides sobre os óvulos e passam a protegê-los até que os filhotes nasçam:
Durante a incubação os machos fornecem oxigênio e água aos ovos, processo conhecido como ventilação (algumas espécies de polvos também apresentam esse comportamento). Na ventilação os machos saem dos ninhos, capturam o ar atmosférico com a boca, voltam para o ninho e soltam o ar da boca para a água onde os ovos estão submersos. Além disso, os machos agitam a água de vez em quando para impedir o crescimento de algas e outros parasitas nos ovos.
Muitas vezes os machos competem pelas áreas de nidificação ou por fêmeas, saltando uns contra os outros na lama e abrindo suas enormes bocas e nadadeiras a fim de parecerem maiores e derrotar os adversários (veja o vídeo abaixo):
Para saber mais:
>> Na Wikipédia há informações sobre o gênero Periophtalmus, o mudskipper mais conhecido;
>> Nos sites Diário de Biologia e Coisas Interessantes há detalhes sobre como os mudskippers conseguem ficar tanto tempo fora d’água sem respirar;
>> No Infoescola há detalhes sobre a locomoção em terra.
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